segunda-feira, 30 de março de 2009

GESTÃO COLETIVA,PARTICIPATIVA, AUTO GESTÃO! REALIDADE OU UTOPIA?

No inicio de 2007, inicia-se no Centro Acadêmico Livre de Geografia (CALGEO) da UFES uma nova forma de gestão dessa entidade que é um espaço de organização/articulação dos estudantes e que se fortaleceu ainda mais a partir da realização do Encontro Regional de Estudantes de Geografia – Sudeste (EREGEO-SE) na cidade de Vitória (ES) em Abril do mesmo ano. Essa nova forma de gerir a entidade tinha e ainda tem como meta principal a des-centralização, a des-burocratização, a des-hierarquização desse espaço e de nossas relações pessoais/sociais; no sentido de que esse espaço deve pertencer a todos os estudantes do curso, onde todos podem e devem intervir no mesmo. Não seguimos estatutos ou cartilhas, mas norteamos nossas atividades a partir de princípios. Partimos então do princípio do “faça você mesmo”, porém dentro de princípios de coletividade, e assim procuramos romper com a democracia representativa que está presente nos governos, nos órgão públicos do Brasil e em outras partes do mundo. Rompemos também com o discurso do racionalismo econômico que prega o fim da história e, que a única coisa que nos difere dos outros animais é a racionalidade, negando dessa maneira que somos seres históricos. Não são apenas os governantes e os grandes líderes que constroem/escrevem a história, as bases, o povo, os estudantes também constroem/escrevem sua história. Logo, o CA enquanto entidade de base também escreve sua história, seja dentro da universidade, seja em um nível local, regional ou até mesmo nacional, dependendo da sua escala de atuação.
É importante frisar, que quando falamos em gestão coletiva/participativa, temos que estar aptos a lidar com as diferentes formas de pensar, de agir, de lidar com pessoas que possuem diferentes posicionamentos político-ideológico. Hoje nossa gestão conta com militantes de diferentes posicionamentos políticos, como por exemplo, anarquistas, partidários, membro de sindicato, outros que apenas lutam por melhorias no nosso curso, tem aqueles que ajudam na realização de nossas festas e assim vai. É no convívio com essas diferenças que enriquecemos enquanto verdadeiros cidadãos e enquanto futuros profissionais da ciência geográfica. Já dizia um filósofo italiano, que não me lembro do nome agora, que todo ser humano é dotado de potencialidades, mas as mesmas só afloram no contato com o outro (outridade), no contato com o diferente. Atualmente nosso CA se encontra literalmente de portas abertas – pois arrancamos a porta de nosso CA em função de um “desencontro” e da falta de comunicação da pessoa que estava de posse da chave do mesmo – o que gerou um desentendimento entre os alunos do matutino e do noturno de nosso curso. No entanto, tal fato acabou se tornando um divisor de águas de nossa gestão, pois de certa forma ocasionou alguns resultados positivos, já que o número de estudantes que passaram a freqüentar/construir o CA aumentou e mudou em relação a como era quando entrei na universidade em 2006. A militância em nossa entidade está em fase de renovação, os estudantes do matutino e do noturno estão mais unidos, e quem ganhou com isso foi a Geografia, foi a sociedade e todos nós enquanto membros do CA.
Nesses dois anos de gestão discutimos, brigamos, discordamos, concordamos, acertamos em alguns pontos, erramos em outros, mas sempre procuramos caminhar a partir de nossos pontos de convergência. Conquistamos o direito a ter ônibus pago pela Universidade para nossas aulas de campo (antes os alunos tinham que tirar dinheiro do próprio bolso para pagar o ônibus); aumentamos nossa participação/representação no Conselho Departamental com direito a voz e voto; voltamos a atuar no Movimento Estudantil (ME) de Geografia em âmbito nacional após quase 10 (dez) anos de ausência; realizamos aulas de campo com os calouros como forma de trote alternativo para recepcionar os mesmos; passamos a elaborar o Jornal do CALGEO como um canal de comunicação com os demais estudantes do curso; voltamos a participar de encontros estudantis e profissionais da Geografia, realizamos festas para arrecadamos recursos para tocar nossas atividades, como a aquisição de um computador para o CA com acesso a internet e que fica a disposição dos estudantes. Listei essas conquistas não para enaltecer o nosso discurso como fazem os “políticos tradicionais” mas, para mostrar que é possível obter resultados mesmo com todas as adversidades, mesmo com a diferença presente nas formas de pensar dos membros de nosso CA.
Não temos aqui a pretensão de ser um modelo pronto e acabado de gestão, pois ainda estamos em processo, e como processo não pode haver um fim em si mesmo. Queremos mostrar aqui a importância da vivência, da con-vivência, da experiência que o ME nos possibilita viver/realizar, partindo sempre de princípios e valores diferentes daqueles que estão enraizados na nossa sociedade, como o individualismo, a competitividade, o consumismo e a luta pelo poder. A universidade não deve ser apenas o locus das experiências científicas e metodológicas, que são re-produzidas dentro da sala de aula; mas também deve ser o locus de novas experiências, novas vivências de caráter mais humano e produzindo novos conhecimentos, dúvidas e novas questões, ao invés de re-produzir velhas certezas. É preciso sair mais de dentro da sala de aula e ganhar/conquistar novos espaços, o que nos permite construir um curriculum informal, que vai garantir a nossa vaga numa sociedade diferente da que temos hoje.

Vitória, 24 de Março de 2009.
CENTRO ACADÊMICO LIVRE DE GEOGRAFIA - UFES

domingo, 8 de março de 2009

QUAL O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA NOVA “DITADURA” ?

O que ocorre na universidade, levando ao sentimento de perda de qualidade, é a perda da capacidade da academia responder o que dela espera a sociedade. No momento de crise, a sociedade cria problemas de dimensões tão diferentes, em uma velocidade tão crescente, que a universidade não consegue responder. A crise está exigindo a formulação de novas perguntas, enquanto a universidade continua se dedicando a encontrar respostas velhas. Mas a comunidade tem consciência destas limitações; não se contenta e chama de perda de qualidade à perda de funcionalidade do seu produto.
A crise da universidade decorre, em muitos casos, desta perda de capacidade para definir corretamente os problemas aos quais a formação e as pesquisas devem servir. Continua concentrada no que se chama o problema-da-universidade, sem observar quais deveriam ser os problemas-para-a-universidade.
O ensino universitário tem-se dado sobretudo pela transmissão das certezas. As dúvidas parecem ser desenvolvidas no exterior, e penetram na universidade depois de solucionadas em uma nova certeza que os professores transmitem aos alunos, e estes mostram ter aprendido, repetindo-a nas provas.
Se o papel de cada universitário é aventurar-se na criação de novos conhecimentos, seu compromisso diário deve ser com a aventura de criar uma nova universidade. (...) Em uma instituição de idéias, o ponto de partida para sua reformulação está em ter uma ou diversas idéias alternativas quanto ao projeto, a forma, a estrutura, aos métodos de universidades. O segundo passo é ter um ambiente aberto para debater tais idéias.
Os caminhos percorridos pelo processo civilizatório nos últimos dois séculos levaram a humanidade a identificar seu propósito com a utilização de técnicas, seu destino com o processo de crescimento econômico, seu objetivo com o consumo. Esta modificação aprisionou a universidade. Ela optou pelo conhecimento isolado, passou a organizar-se em unidades eficientes na produção do saber, fechada em departamentos especializados. O universitário perdeu a dimensão da humanidade, e o seu saber perdeu a globalidade do humanismo. O conhecimento técnico passou a ser, sobretudo meio para o desenvolvimento das técnicas. Imaginam que repetir livros e idéias do exterior compõe em si uma universalidade. Caem no complexo de inferioridade de achar que são incapazes de fazer avançar o conhecimento porque esta é a tarefa de seus modelos estrangeiros e não há como encontrar dentro de seus países novos objetos de estudo, métodos e potencial criativo. Tornam-se duplamente “provincianas”: pela limitação histórica e pela imitação. Assumem-se bárbaras ao tentarem imitar os que consideram desenvolvidos; tornam-se não-humanistas ao identificarem desenvolvidos com civilizados. Nesse sentido, o que tenho observado nos últimos anos, é uma certa ausência de debates dentro da UFES no que concerne aos mais variados assuntos, tanto de interesse da sociedade quanto da própria comunidade acadêmica. Talvez essas falhas que existem dentro da UFES ocorram pelo fato de ela se apoiar em algo que ela tanto se orgulha, que é o tripé ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO. Digo isso porque creio que um desses elementos desse tripé deve ser trocado, neste caso me refiro ao elemento ENSINO. Creio que deveríamos substitui-lo, não só na acepção da palavra, mas no que diz respeito a sua aplicação prática. Creio que o elemento EDUCAÇÃO seja mais eficiente na sustentação desse tripé, visto que a educação possui uma concepção mais filosófica, ou seja, de concepção de homem, de mundo e de natureza, enquanto que o elemento ENSINO possui um caráter mais técnico e metodológico, ou seja, vazio de conteúdo Humanista. Apesar de ter conhecido pouco o professor Bodou (ex-prof. do Dept° de Geografia), sinto uma tremenda saudade de suas polêmicas, de seu discurso em prol de uma cidadania digna, em defesa da ciência geográfica e, que não se calava perante aquilo que não concordava e criando novas formas de se pensar a Geografia. É uma pena que ele tenha partido e, que sua herança genética tenha ficado apenas no sobrenome e não nas atitudes.
Confirmando o que foi dito anteriormente, observamos a nossa Universidade implantar nos últimos meses um forte esquema/sistema de segurança dentro do campus universitário. Primeiro veio a guarda terceirizada, que se diziam ser vigilantes do patrimônio; depois vieram as câmeras de alta resolução, e depois o armamento dos vigilantes, e tudo isso sem nenhum tipo de debate com a comunidade acadêmica, sendo uma decisão tomada de cima para baixo, comprovando o sentido anti-democrático da questão. Observa-se ai, uma inversão de papéis, já que universidade esta copiando a ineficiente “indústria” do medo que vem se instalando principalmente nas grandes cidades, quando na verdade era a universidade que deveria propor diferentes soluções para a problemática da violência.
Sei que na universidade existem pessoas que são conscientes da ineficiência desses modelos de controle da violência, pois nos embates entre o poder e a violência, eles se territorializam, mas seus limites são sempre instáveis, com áreas de influência deslizando sobre o espaço das ruas, dos becos e das praças. A criação dessas identidades territoriais é uma necessidade mais funcional do que efetiva, promovendo uma disputa de “pontos” (de tráfico, de uso de drogas, de roubos), de acordo com o interesse dos sujeitos envolvidos. O próprio Foucalt, em 1982, já nos falava da noção de biopoder, que é fundamental para entender o problema da violência, pois interessa ao poder não o extermínio, mas o controle dos homens, pois o que importa é gerir suas ações, de modo a utiliza-los ao máximo. Por isso questiono o uso dessas câmeras, na medida em que me convenço de que elas tem uma função muito mais de controlar a territorialidade dos estudantes e do movimento estudantil. Até que ponto poderei exercer minha territorialidade enquanto indivíduo livre? Ou vamos usar as imagens captadas pelas câmeras como forma de contribuição ao apelo da indústria midiática de nossos meios de comunicação?, e assim, fomentar a indústria do medo, nos obrigando a adotar medidas que nos tragam “sensação de segurança”, que é diferente da verdadeira segurança (in situ). Uma simples câmera no 9º andar de um prédio não é apenas uma simples câmera posicionada para observar as pessoas pois, dependendo da sua localização, ela consegue observar o decote de uma roupa mais justa, ou o que uma pessoa carrega na mão, fazendo com que o mais simples movimento de um indivíduo seja monitorado, pautando seu comportamento em algo que o vigia. A sétima arte (o cinema) já nos mostrou aonde pode chegar o controle sobre as pessoas como o mostrou o filme 1984 de George Orwel. Até quando vamos imitar o modelo do Panóptico de Jeremy Benthan* que também é citado pelo Foucalt.
A instalação desse tipo de segurança não se justifica, mesmo que algumas coisas estranhas estejam ocorrendo na UFES, como o caso do sumiço dos monitores de LCD do LIEG e sem nenhum sinal de arrombamento, o que é mais estranho ainda. Nas últimas semanas alguns estudantes da UFES vem sofrendo abordagens inadequadas por parte dos seguranças, que se mostram totalmente despreparados para portarem uma arma e, principalmente em lhe dar com seres humanos. Independente desses estudantes serem consumidores de cannabis sativum (popularmente conhecida como maconha, racha côco, manga rosa, bigode de Sarney) vai depender da procedência, acima de tudo são seres humanos e, de nenhuma forma podem ser ameaçados de levar tapa na cara nem ser chamados de vagabundos, pois são seres humanos.
Será que já não basta o descaso da universidade com seus estudantes (que são ou pelo menos deveriam ser a alma da universidade), principalmente no que diz respeito a assistência estudantil, que é uma esmola e não uma assistência. E ainda por cima, essa universidade tenta criminalizar o movimento estudantil jogando o mesmo contra os estudantes que recebem essa esmola (CONEXÔES SABERES), ou seria uma “cala a boca” para os estudantes pararem de fazer manifestações e assim manter a “ordem estabelecida”. E ainda tem o caso do estudante de Ciências Contábeis que faleceu dentro do campus por falta de estrutura para atender certas demandas. Vemos a universidade construir vários prédios em nosso campus, alterando a sua estrutura paisagística e ai eu questiono: Por que não usar a verba que está sendo usada para construir esses novos prédios para reestruturar a universidade que está sucateada, com laboratórios sem equipamentos, funcionários despreparados e que trabalham a hora que querem, professores que fingem trabalhar, reproduzindo antigas formas de pensamento.

* Segundo Foucault o Panóptico despertou interesse, pelo facto de ser aplicável a muitos domínios diferentes. Não se tratava apenas de uma prisão. O Panóptico, é um princípio geral de construção, um dispositivo polivalente de vigilância, uma máquina óptica universal das concentrações humanas.

Assina esta carta: Rodrigo Huebra (CALGEO_UFES) (estou aberto a discussões e espero novas formas de comunicação entre as pessoas porque o destino dos “delatores” dentro da favela é a morte). Mas por favor esperem a fumaça abaixar.....

CARTA MANIFESTO ECOLÓGICO: ECO-ANTIS-SISTEMA

Foi só nós estudantes sairmos de férias da universidade que a destruição ambiental começou a acontecer indiscriminadamente na UFES com o aval dos poderosos diretores dos CCHN e CCE. Várias árvores mais uma vez foram cortadas com inúmeras desculpas...até mesmo a nossa hortinha coletiva entre o IC2 e IC1 que nós estudantes de vários cursos plantávamos com mudas ou sementes, regávamos com água pelas manhãs e cuidávamos dia a dia das diversas plantas medicinais e alimentos foram cortadas com a desculpa que tinha muito mato e tava descuidada. Mas nela continha boldo, hortelã, quiabo, tomate, pimenta, abóbora, feijão, mamão, mostarda, manjericão, salsinha, capim cidreira, babosa dentre outras que não me recordo, isso tudo sem falar nos pequenos pezinhos de amora e de manga(tem mais um) que foram cortados, somente restando o jatobá (que já tentaram matar). Que lógica é essa? A lógica da homogeneização do espaço do campus(vegetação padrão, cidadão padrão), plantar espécies ornamentais com a desculpa de reflorestamento, destruir uma horta em que era utilizada por alunos, professores, funcionários e demais sujeitos, cortar as árvores interferindo num micro clima agradável e fresco que sua sombra proporciona...com esse calor que a cidade passa toda concretizada, assim como os inúmeros prédios levantados no campus desproporcional as árvores(onde os pássaros vão morar, nos prédios?). Solução: a, sim vamos então colocar ar condicionados nas salas de aula! Que idéia boa...hahaha. Estamos numa era na UFES (e nas outras universidades) em que os anseios dos alunos são quase sempre deixados em segundo plano, e o que faremos? É preciso bater de frente contra esse sistema que estamos passando nos resistindo em nossas ações, como ocorreu na UFRRJ em que a galera ocupou vários espaços do campus fazendo experiências em agroecologia, agrofloresta...afinal lá é uma universidade rural e mesmo assim enfrentou grandes resistências dos poderosos que mandam e desmandam no campus, mas hoje mantém espaços graças a luta, resistência e amor a natureza em que fazem parte. Na UFF o Mutirão de Agricultura Ecológica- MAE ocupa um espaço no qual fazem experimentos agroecológicos e agroflorestais em hortas, que é conhecido como Espaço Aroeira e teve a árvore de mesmo nome cortada para se levantar prédios ao entorno. Enfim são inúmeros casos que podemos citar, e agora vamos continuar na resistência ou deixa-los que eles nos vençam? Desde que entrou na UFES, repare quantas árvores foram cortadas, quantas foram plantadas, quantas prédios e concretos foram se instalando?

FAROFA - CENTRO ACADÊMICO LIVRE DE GEOGRAFIA -CALGEO

quarta-feira, 4 de março de 2009

Primeiro Post

Como primeiro post, devo anunciar que este blog tem por objetivo a execussão de idéias deste criador e de outros colegas que se sentirem na necessidade de escrever um pouco sobre Geografia. Bom, como já mencionado estarão presentes apenas criações que de alguma forma esteja ligado ao estudo da Geografia .... A idéia (não descartando outras opções que também poderão ser aceitas) é desvincular dessa onda da academia, espero porém que este publico, no qual me insiro, não afaste a idéia de ter algo publicado aqui ......


É isso ....





Att; Douglas Salaroli